No meio do caos que foi esta edição da Copa América o mais importante acabou por seguir a normalidade e perfazer justiça, ou seja, a melhor equipa saiu vencedora do torneio.
Contudo tudo o resto foi um péssimo serviço ao futebol e quando adjectivo a competição como um “caos” falo especificamente da falta de organização e dos diversos momentos caricatos que foram protagonizados ao longo das três semanas de prova.
Situações como a realização de forma consecutiva de dois jogos no mesmo estádio, o mau estado dos relvados que impossibilitam a marcação de grandes penalidades, passando também pelas más arbitragens e claro pelo péssimo critério ao nível do formato da prova e apuramento das equipas.
Mais uma vez os sul-americanos demonstram que estão muito longe de garantir uma boa organização numa prova continental, já a Copa Libertadores revela algumas lacunas na sua organização e deste modo será complicado aumentar o seu prestígio.
Relativamente ao futebol propriamente dito não se poderá dizer que tivemos grandes espectáculos, poucos golos e pragmatismo foram a regra na maioria das partidas.
O aspecto mais significativo a retirar da prova é sem duvida o insucesso das potências Argentina e Brasil. Após o Mundial, as duas principais selecções da América do sul voltaram a desiludir e em ambos os casos não se viu uma verdadeira equipa.
Argentinos, Messi não chega!
A Argentina de Batista foi em tudo semelhante à de Maradona, o estilo de posse voltou a ser a filosofia adoptada mas não me parece que existam intervenientes com caracteristicas para assegurar este estilo.
A tentativa de implementar o tiki-taka do Barcelona não me parece sensata pois Gago nunca será Xavi e Di Maria nunca será Iniesta. Ter à disposição Messi provoca essa tentação mas está provado que esta não será a melhor solução.
Outro problema prende-se com o quarteto defensivo, arrisco que foi um dos menos seguros da Copa, sobretudo a dupla de centrais Burdisso e Milito que estiveram longe de realizar boas exibições.
Quanto à frente de ataque vimos Aguero deslocado da sua posição natural, Tevez com poucos minutos e Higuain perdulário, por tudo isto é verdadeiramente complicado entender as criticas a Messi.
É verdade que o melhor do mundo não esteve particularmente bem em alguns jogos mas foi um dos melhores. Apesar de não ter marcado saiu da prova com três assistências para golo e mais meia dúzia que não constituíram golo apenas por desacerto dos colegas.
A Argentina caiu perante uma equipa superior, o Uruguai, menos talentosa mas mais equipa. Será a partir daqui que os responsáveis argentinos deverão trabalhar no futuro.
Brasil apresentou-se “verde”
A outra potência, o Brasil, ainda não possui uma identidade.
Mano Menezes apostou forte na dupla Ganso/Neymar mas os jovens santistas não estiveram a altura. Alguns bons momentos mas a nível global o Brasil foi pouco incisivo no ataque.
Contudo creio que o principal problema não reside no ataque nem na defesa mas sim no duplo pivot do meio campo.
Lucas Leiva e Ramires não constituem a meu ver uma dupla complementar com Ganso. Ramires não é um jogador de passe apurado e isso acabou por ressentir-se no jogo do escrete. Opções como Elano (Santos) ,Hernanes (Lazio) na posição “oito” e Fernando (Porto) e Sandro (Tottenham) para a posição “seis” seriam provavelmente mais interessantes.
No entanto o principal erro de Mano Menezes não terá sido a escolha do duplo-pivot de meio campo mas sim a não convocatória de Hulk. Foi notória a incapacidade de mudar em termos ofensivos o rumo aos acontecimentos, não existia ninguém no banco para mexer com o jogo. O brasileiro do Porto detém essas qualidades e creio que mais tarde ou mais cedo o seleccionador brasileiro acabará por admiti-lo.
Ao contrário da Argentina, o Brasil foi injustamente eliminado pelo Paraguai. Foram inúmeras as oportunidades desperdiçadas e apesar de não terem sido brilhantes, os brasileiros mereciam a passagem para as meias-finais.
O caso brasileiro não será tão preocupante que o argentino pois o Brasil já garantiu a presença no próximo Mundial e não terá a pressão da fase de qualificação, o que permite alguma margem para o seu seleccionador.
Uruguai confirma estatuto de melhor selecção da América do Sul
Resta analisar os grandes vencedores, a guerreira selecção do Uruguai. A base da equipa foi a mesma daquela que se apresentou na África do sul à um ano atrás e Óscar Tabarez manteve o conceito que já lhe tinha oferecido sucesso. O Uruguai já aí tinha sido a melhor selecção sul-americana e esta vitória na Copa América prova que tal não aconteceu por acaso.
Um guarda-redes de qualidade, Muslera, uma defesa sólida comandada pelo o capitão Lugano, uma dupla incasável na casa das máquinas, Diego Pérez e Arévalo Rios e ainda o talento de Forlán e Suárez na frente.
Da campanha até ao título destaca-se duas exibições, contra a Argentina nos quartos e na final frente ao Paraguai.
Nos quartos de final foi magnífica a capacidade de sofrimento da equipa, muito tempo com menos um jogador, os uruguaios conseguiram neutralizar os argentinos e tiveram mesmo oportunidades para vencer nos cento e vinte minutos. Já na final o que mais impressionou foi a capacidade de pressing e o talento de Suarez e Forlan.
Pontualmente outras selecções terão apresentado um futebol mais atractivo mas o Uruguai foi de facto a equipa mais consistente e por isso merece o estatuto de melhor selecção sul-americana.
Quando se pensava que seriam as potências e as grandes estrelas a brilhar, o Futebol demonstrou novamente um lado fantástico que é o da imprevisibilidade, decidiu-se em proclamar como heróis um conjunto de homens guerreiros e ainda ofereceu campanhas históricas a países como o Peru e a Venezuela.
Destaque também para a selecção colombiana de Guarin e Falcão, a Colômbia merecia ter chegado mais longe e colectivamente apresentou qualidades bem interessantes.
Por fim deixo os destaques da Copa América na opinião do nosso blog
Melhor guarda-redes: Justo Villar (Paraguai)
Melhor defesa: Lugano (Uruguai)
Melhor médio: Arévalo Rios (Uruguai)
Melhor avançado: Suarez (Uruguai)
Jogador revelação: Coates (Uruguai)
Melhor jogador: Suarez (Uruguai)
Melhor treinador: Oscar Tabarez (Uruguai)
Onze da Copa América
GR: Villar (Paraguai)
Defesas: Maxi Pereira (Uruguai), Lugano (Uruguai), Viscarrondo (Venezuela), Álvaro Pereira (Uruguai)
Médios: Arévalo Rios (Uruguai), Guarin (Colômbia), Vargas (Peru)
Avançados: Forlan (Uruguai), Guerrero (Peru), Suarez (Uruguai)
. Villas-Boas nos Spurs, o ...
. A jornada dos grandes (16...
. As duas faces dos Citizen...
. Craques em destaque: Heun...
. Análise Mundial 2014: Gru...
. Análise Mundial 2014: Gru...
. Análise Mundial 2014: Gru...
. Análise Mundial 2014: Gru...
. Serie A: Quem desafia a J...